Desafios das PME portuguesas na economia pós-COVID

Desafios das PME portuguesas na economia pós-COVID

Num país em que o tecido empresarial é maioritariamente constituído por pequenas e médias empresas, e onde a atividade exportadora representa 44% do PIB nacional, a abertura do exterior aos bens e serviços portugueses será um dos fatores importantes para a retoma da atividade económica. No contexto atual, especialmente as empresas de pequena e média dimensão (PME), devem começar a planear o seu futuro. À medida que se adaptam à nova normalidade, devem tomar decisões sobre como recuperar ou até mesmo renovar os seus negócios.

 

As PME devem fortalecer as bases do seu negócio e apostar na digitalização para sobreviverem neste novo panorama. O mundo empresarial que se conhecia até aqui não vai regressar durante algum tempo. As empresas estão agora inseridas numa nova economia, mais rápida, e espera-se que seja quase totalmente virtual.

 

Partilhamos consigo alguns desafios que se colocam:

 

1. Preparar as cadeias de abastecimento e a carteira de fornecedores para o reinício

Avaliar a resiliência das cadeias de valor, bem como das cadeias de abastecimento. Realizem testes de esforço (stress tests) obrigatórios, pois pode ser fundamental para o seu modelo empresarial.
É igualmente imperativo apostar numa melhoria da qualidade e da relevância da informação disponível, com dashboards de informação e modelos analíticos avançados.

 

2. Manter o fluxo de caixa e a liquidez

Muitos setores estão ainda a viver uma redução da procura e as PME vão sentir uma pressão sobre o fluxo de caixa, pois os clientes tentam estender os seus prazos e condições de pagamento. A gestão dos gastos permanentes combinados com uma menor entrada de fluxo de caixa será uma das prioridades das empresas nos próximos meses. A transição para a centralização dos dados integrados na Cloud pode ajudar a agilizar o processo de adaptação a esta nova realidade, porque permitem localizar rapidamente dados específicos e agir em conformidade mais depressa.

 

3. Estruturar, formalizar e reforçar a comunicação interna de crise, bem como aumentar a cooperação digital

As empresas necessitam de “equipas COVID-19”, capazes de assegurar uma transparente comunicação, empresarial e de crise, utilizando para o efeito canais analógicos (por exemplo, painéis de aviso) ou digitais. O ideal seria implementar um sistema de monitorização e comunicação dos principais números e infeções. Para simplificar esta situação, as aplicações smartphone podem ser adaptadas para fazer alertas. Ao mesmo tempo, é necessário traçar um quadro global relativamente a licenças por doença, planos de substituição e flexibilização do trabalho operacional.
Deverá fazer o exercício de avaliar o seu trabalho relativamente ao que deve ser feito localmente e onde são possíveis as soluções remotas. Este processo deve continuar, mesmo que as medidas de restrição sejam flexibilizadas. Para que isto aconteça, a cooperação digital deverá ser alargada, por exemplo, em espaços virtuais ou nas infraestruturas de suporte (informática, acessos remotos, VPN/rede). Deverá estimular a aprendizagem por parte dos colaboradores para a utilização de meios digitais,  através de formação e cursos online.

 

4. Manter e reforçar a lealdade dos clientes

De facto, já se verifica uma mudança de comportamentos por parte dos consumidores, como por exemplo, a diminuição das viagens de longa distância, a diminuição da procura de concertos e eventos, entre outros.
Neste contexto, é fundamental a adoção digital, quer na eficiência interna das operações, quer na presença e relacionamento externo com parceiros, fornecedores e clientes. Para as empresas do setor da restauração, por exemplo, são recomendadas parcerias com empresas de distribuição online e/ou a priorização dos grupos de risco, com base em aplicações móveis.

 

5. Reforçar a cibersegurança nas empresas

A transferência do trabalho para casa levou a ameaças adicionais causadas por ciberataques, como o phishing e o
spam. Por isso é necessário realizar avaliações contínuas para identificar e evitar ataques, numa fase precoce.
São necessárias infraestruturas informáticas e uma arquitetura de cibersegurança adequadas. É fundamental reforçar a capacidade de gestão de riscos e as estratégias de continuidade de negócio e de gestão de crises, bem como
capacitar as organizações na resposta a incidentes de segurança. 90% dos ataques bem sucedidos são causados por
erros humanos, pelo que é importante estar consciente e melhorar as competências dos colaboradores através de campanhas de informação e formação internas.

 

Em suma, proporcionar as ferramentas para trabalhar em casa permitirá que as equipas continuem a trabalhar de forma segura e produtiva. É fundamental possuir pilares digitais integrados para conseguir retomar a sua atividade, para sobreviver agora e prosperar no futuro.